quarta-feira, 18 de novembro de 2009

?!

Acho que ser médico é das coisas mais bonitas que existem (sou suspeita, eu sei). O corpo humano é qualquer coisa de tão complexa e espectacular, com manhas que só ele sabe que tem. Estudá-lo e compreendê-lo, é um privilégio que poucos têm.

Em Medicina aprende-se muito e decora-se bastante. Em Medicina vê-se muita coisa: muitas más (muito más), e tantas e tão boas. 

Uma das partes mais bonitas de se ser médico, é conseguir pegar em meia dúzia de sintomas e sinais e conseguir chegar a um diagnóstico. É ter de pensar e relacionar tudo. É olhar para o doente e conseguir perceber o que pode ter. Acima de tudo, Medicina é investigar.

E, por isso, é que eu não percebo certas coisas. Como é que é possível que alguns médicos sejam tão burros, descuidados, distraídos, despreocupados, não sei, para com certos doentes. 

Uma lesão neoplásica de 20cm (é muito, 20 cm é uma enormidade) não pode e não deve passar despercebida a um bom médico; a um médico, ponto!!! Especialmente quando há queixas que indicam fortemente para esse diagnóstico. Há manobras que não custam nem demoram a fazer e que podem salvar vidas.

É certo que os médicos trabalham que se desunham (alguns, a grande maioria). Também é verdade que não há ninguém que faça tantas horas de trabalho seguidas, numa azáfama constante e a puxar pelo feijão. E o Homem não é de ferro, e o feijão às vezes desliga, não pensa, lentifica. Mas é nessas alturas que pedir ajuda/opinião a um colega não custa nada, não nos rouba nenhum bocado! É assim que eu penso, pelo menos, mas isto em Medicina é tudo muito relativo porque há pessoas levadas da breca.

Mas quando as coisas estão à nossa frente e não as vemos, ou somos burros, ou não temos consciência de que nas nossas mãos está uma vida, igual à nossa, com os mesmos direitos que nós.

Se alunos do 4º ano, tenrinhos, tenrinhos, chegam ao diagnóstico com base em duas ou três queixas, como, mas como é que um médico com alguns anos de experiência deixa passar em branco não uma, não duas, mas TRÊS vezes uma coisa tão evidente que até um cego vê?!?!?!

Não percebo!!!

E estes médicos? Dormem de consciência tranquila?! Eu, concerteza, não dormiria!

Aos 50 anos, uma colostomia é o que lhe resta!!! E é nestas alturas que me custa um dia vir a ser médica. E envergonha-me pertencer a uma classe onde existem burros. Errar é humano, claro que sim. Mas a falta de respeito pela vida, principalmente a dos outros, é algo que não devia ser permitido nesta profissão, especialmente nesta.

2 comentários:

Dark Night Walker disse...

Concordo plenamente. Queres que te conte um segredo? A minha faculdade é tão exigente que a maioria do pessoal chumba (para cima dos 50%). Que fazer? Aumentar o peso da componente de avaliação prática. E é assim que um aluno com 2,8 num exame teórico passa numa cadeira, apenas porque deu graxa suficiente a um prof para ter uma valente nota nas aulas práticas. A destacar que nesse exame estavam incluidas as disciplinas de Anatomia, Fisiologia e Histologia. Que merda de conhecimento tem esse aluno para um dia ser médico?!?!
Não te digo qual a faculdade porque não quero sujar o nome (aliás, está nos primeiros lugares das melhores em Medicina eheh). Mas há de facto coisas lamentáveis.

Espero que o caso desse senhor de 50 anos não seja teu familiar. Se presenciar uma coisa dessas noutra pessoa já custa, se for alguém chegado a nós ainda é pior.

Bom fim de semana!

Pinguça disse...

A componente prática é extremamente importante, mas não mais q a teórica. E, tendo em conta o que se aprende nas aulas práticas da minha faculdade, acho q a prática não valia era nada, dado q os profs dão o q querem, como querem. A verdade, é q eu cada vez mais acredito que as notas valem o q valem, podes ser um aluno de 20 e um médico de 2. As notas não espelham nada daquilo q s sabe. já tive a experiência de, mediante um doente, conseguir fazer mais depressa um diagnóstico diferencial do que colegas que tiram altas notas. Posso não ter as melhores notas, mas o que sei, sei mesmo.
Quanto ao doente, é umA doente e, felizmente, não é meu familiar, mas doeu-me este caso...