sábado, 21 de julho de 2007

O fantasma anatómico

Um médico que não saiba anatomia, é o mesmo que um jardim sem flores. Assim sendo, a avaliação desta cadeira é qualquer coisa de muito exigente (e ainda bem!!!).
É indescritível aquilo por que temos de passar para ter esta cadeira feita. Não me recordo de nenhuma outra avaliação que seja tão traumatizante e desgastante como esta. Só quem passa por lá é que compreende e percebe a verdadeira dimensão do aparato que se gera naquela faculdade em dia de exame de anatomia.
Confesso que Anatomia tem sido o meu calcanhar de Aquiles. Tem sido assim, porque esta é uma daquelas cadeiras que, chumbando uma vez, custa a fazer. Gera-se todo um pânico à volta dela, criam-se fantasmas e desenvolvem-se traumas, que nos dificultam, muitas vezes, a capacidade de lidar com a pressão que nos é imposta sobre os ombros.
O ano passado, de todas as vezes que lá fui, chumbei. Este ano, as coisas foram diferentes. Não me lembro de ter estudado tanto para o que quer que seja, nem me lembro de saber tanto para nada. A verdade é que na primeira gincana passei e com distinção (diga-se). Nesta segunda gincana, também porque medicina não é só anatomia, tive menos tempo para estudar e foi tudo visto num de repente. A uma semana do exame já achava que ia chumbar. E a verdade é que a preparação que tinha era muito pouca. Lá fui à gincana com a certeza de que em setembro lá estaria outra vez. E, inédito na minha vida académica, desejei não passar, verdade seja dita. E porquê, perguntam vocês. Simplesmente, porque me chamo Ana e, como tal, se passasse iria fazer 4 orais nessa mesma tarde (decisão tomada pelo regente na manhã anterior ao exame). Ora, o tempo de estudo tinha sido muito pouco para me preparar para a gincana, quanto mais para rever a matéria da primeira (que tinha sido em fevereiro). Apercebi-me que, passando na gincana, iria passar a maior vergonha de sempre nas orais, sem saber dizer nem ai nem ui.
Chegado o momento mais adorado do Senhor Alexandre (ele grita os nomes dos infelizes reprovados e o número de perguntas acertadas), o meu nome não foi proferido. E, pela primeira vez, entrei em pânico quando me apercebi de que passei. Pela primeira vez fiquei aborrecida por ter passado. Seguiram-se 10 minutos de almoço, uma hora de estudo e começam as orais. Eu sabia que numa delas iria enterrar-me. Na primeira passei, no limite. Na segunda passei, com boa nota. Começo a acreditar que é possível ficar com anatomia feita agora. A terceira oral corre bem também. E chega a oral de coração. Para a qual tinha a noção de que nada sabia. Professor Manuel Antunes chama-me e enquanto não me pergunta nada sinto o meu diabo e o meu anjo, um em cada ombro, numa discussão acesa, em que um me diz para desistir e o outro grita que quem chegou ali, pode ir mais longe. A verdade é que, na praia, acabei por morrer. Chumbei!!! Depois de um dia longo, o mais stressante de toda a minha vida. Depois de 2 gincanas e 3 orais, acabo por chumbar na última etapa.
Custou chegar tão longe e não ter conseguido acabar. Ver o fundo do túnel e perder o fôlego. Custou o estar quase e não conseguir.
Mas revisão feita a isto tudo, consegui chegar onde nunca pensei conseguir. E, em setembro lá estou, e acredito que nessa altura anatomia será feita.
***=)

1 comentário:

Anónimo disse...

ai miuda, as tuas orais parecia q era eu q as estava a fazer...o q eu torci por ti!e smp pensei q conseguirias.n foi desta mas será da próxima!!=) e isto foi uma grande vitória!!=) só faltou o ultimo passo..
em setembro vais ensinar anatomia akeles cabr...profs!!!;)
bjocas**