quinta-feira, 26 de julho de 2007

A democracia que temos...

Sinceramente não percebo que raio de democracia é esta que dizem existir neste pequenino Portugal onde ainda, e cada vez mais, o factor c funciona, e onde estamos sujeitos aos caprichos de quem "manda mais que nós".
Cada vez mais, um curso superior não é para quem quer, mas para quem pode. Com a exorbitância que nos roubam dos bolsos todos os anos, assim me leva a pensar. São cerca de 1000€. MIL EUROS!!! de propinas por ano. E vemos alguns benefícios nisso?! Não, não vemos. Continuamos a trabalhar em condições deploráveis. Continuamos a ser alvo de um ensino pouco prático. É que realmente estudar anatomia por desenhos é muito prático. Ainda gostava de saber se os meus futuros doentinhos vão estar ligados a uma máquina qualquer que passe as suas entranhas para desenhos do Netter.
Mas o pior nem é isto. O que mais me revolta é que, acima de tudo na minha área, os nossos professores, para além de educadores, são também médicos (em hospitais, clínicas, no vão de escada, onde for preciso para suportarem uma vida de elite que eles dizem não conseguir aguentar com apenas o dinheirito que ganham no hospital, que muitas vezes dava para sustentar duas famílias de classe média-baixa). Mas tudo bem!!! Quem melhor que os próprios médicos para nos ensinarem sob influência da sua experiência? O problema é que o ensino, para estes senhores é, muitas vezes, encarado como um hobbie, onde não ganham tanto como poderiam ganhar a exercer medicina em qualquer outro lado. Assim sendo, fazem o que querem, como querem e quando querem. E aqui quem se lixa é sempre o mexilhão: o aluno, pois está claro!!!
Eu tenho, que tenho, uma grande admiração pelo meu professor de anatomia. É daqueles professores que não se esquece (quer para o bem, quer para o mal). É dos poucos professores daquela faculdade que dá o melhor de si, para melhor servir os alunos. Aulas excelentes, interessantes, cativantes que não nos fazem pensar NUNCA em desistir, nem mesmo quando as coisas não nos agradam. Ele sabe que tem valor e nós não fazemos esforço nenhum em dizer que, de facto, é uma pessoa que merece o nosso melhor desempenho nos exames.
O chatinho disto, é que este ano ele tornou-se professor agregado (ou whatever) na nossa faculdade, e os seus exames ou avaliações (ou whatever) foram feitas ao mesmo tempo que a nossa época de exames de fevereiro. Resultado: não teve tempo para preparar uma gincana ao nível que ele queria. Esperto e crente o suficiente, vai de fazer gincanas exactamente iguais às do ano anterior. Os alunos, caloiros, apesar de tudo (e contra tudo aquilo que se diz das bestas), não são tão burros e aparvalhados como dizem e vai de se aperceberem que as perguntas estavam a ser iguais. E como não andamos ali para tirar notas do lixo, deram entrada nas gincanas já a saber que respostas dar. Resultado: uma taxa de notas acima de 18, muito elevada.
Disto tudo, sobra no professor uma mágoa e uma vontade de "vingança". Não obstante, decide dificultar a vida a todos os alunos em junho. Mas esqueceu-se que quem tinha copiado, ou quem sabia das perguntas em fevereiro, foram os últimos a fazer as gincanas e não as Anas e afins que, como eu, tinham feito logo no início. Ora, a vingança acabou por prejudicar os justos nisto tudo, que fizeram as orais no próprio dia da gincana (qualquer coisa de "proibido", segundo as regras da Universidade de Coimbra).
Agora, a crise está em abordar o professor para falar sobre o assunto. Sabemos que não podemos ir para lá com 20 pedras na mão, também por uma questão de respeito e boa educação, mas também porque tememos que, qualquer que seja a abordagem, o carimbo nos seja estampado na testa e que a nossa vida se torne mais difícil naquele curso. E tudo porquê?! Porque apesar das propinas que pagamos, os nossos interesses nunca são defendidos, POR MAIS NINGUÉM, a não ser por nós próprios. E estamos sempre sujeitos ao poder dos professores.
Disto tudo, da anarquia que reina neste país de faz de conta, só me apetece esquecer que isto existe e cada vez tenho menos vontade de fazer alguma coisa para pôr isto a andar para a frente.
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1 comentário:

Anónimo disse...

Faço minhas as tuas palavras!e nem preciso de dizer mais nd!!***